quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Você pediu pra escrever o que sentia. Escolheu até o bloquinho onde eu deveria escrever seus sentimentos. Escrevi. Você disse que amava seu pai, que não queria que ele tivesse viajado e que queria chorar.
Desde cedo, a falta te encontra. Na ciranda entre o ter e o não ter a presença, teu desejo se expressa. Desejo de ter o que não há como se ter. Desejo que te estica a alma. Falta que te traz chão.
Te amo, meu sábio filho!

terça-feira, 6 de março de 2012

Conquistas cotidianas

Dora caminha pela casa. Seus pequenos passos são tão grandes de alegria. Seu rosto vibra com os cantos encontrados.
João encaixa suas peças de lego. Procura o que quer dentro de uma fartura limitada de possibilidades. Gira, gira e acerta, como sempre fez com suas mamadeiras. Espaço tridimensional visitado.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

"Minha casa tem crianças.
São crianças engraçadas.
Giram, giram, enlaçadas
e ainda correm com lagartas.
Água por aqui parada
vira poça e gargalhada."
Para João e Dora, meus pequenos risonhos e animadinhos.

domingo, 9 de outubro de 2011

Mamãe, todas as pessoas morrem?
Sim, filho, todas as pessoas morrem.
Mamãe, todas as crianças quando morrem viram anjos?
Sim, filhos, todos vão se tornar anjinhos.
Dias antes, você me disse que tinha medo de morrer.
Eu disse que não precisava ter medo. Disse sem pensar, porque medo eu tenho e muito.
Daí você disse que um menino bonito como você não poderia morrer.
E, então, pensei, melhor não pensar, só viver. Porque você João é mesmo bonito.
Você me olha e me chama;
você dorme e me chama;
você chora e me chama;
você ri e me ama.


...


Lá no meu jardim;
tantas flores;
Dora assim;
ri pra mim.

domingo, 6 de março de 2011

Quero pra você filha
cores vivas,
amores reversos,
trilhas sonoras,
matas cheirosas,
amigos livres,
bolinhas de poá,
livros de cabeçeira
e muitos,
mas muitos pontos de exclamação!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

João,
você agora deu pra me chamar de mãe e não mamãe. Nessa algo que vem e vai. E você vai. Foi hoje a uma festa. Ali te percebi tão perto dos outros, a buscar amigos, oferecendo-lhes seus brinquedos e lanches, deixando-se levar tão ritmado pela música, ao leve balanço de sua lisa cabeleira loura. E os outros se deliciaram com sua malemolência infantil. É isso, você é um garoto cheio de malemolência.
E enquanto observo-te se entregar ao mundo, dentro de mim, num mundo que não se vê, mas se sente, está sua irmã Dora. Alguém me disse, com um certo tom crítico, que Dora é um nome de mulher da vida. Achei bom! Porque Dora vem mesmo crescendo dentro de um imperfeito perfeito mundo. Cresce em meio a nossa vida, que ora é pungente,ora é pura contemplação. Ora é poesia, ora é tempestade. Porque pra mim que sou um pouco sol, um pouco chuva, ofereço a você e a Dora um mundo de verdade, com tristes dias felizes e felizes dias tristes. Amo vocês dois, minhas mundanas crianças!